Se você acompanhou as notícias sobre a visita do papa Francisco ao Brasil, é bem difícil que não tenha ouvido a palavra “reforma” ao menos uma vez nestes últimos dias. Sem apegar-me aos detalhes e às diversas explanações do que poderia representar uma reforma na Igreja Católica ou na Igreja Evangélica, quero simplificar a matéria e trazer um olhar leigo sobre o tema. Repito: leigo.
O assunto é mais complexo e longo do que se poderia expor em uma postagem. Mas nesse emaranhado de dossiês sobre a igreja (não desconsidero a História), o que sempre me chama a atenção quando se fala em reforma é o eco que fica ao final de cada fala sobre o tema. Em meio a reportagens simpáticas, protestos anárquicos ou análises respeitáveis, o que ressoa em minha mente são sempre dois pontos principais.
Primeiro: os que mais exigem uma reforma na Igreja são os que não estão na Igreja, ou seja, os não adeptos das vertentes católica e evangélica do Cristianismo. Entendo que erros foram cometidos pela Igreja ao longo da História e precisam ser corrigidos, e que parte desse clamor por mudança vem de dentro da própria instituição. Mas percebo que os mais ferrenhos na defesa de uma profunda transformação na Igreja são os que não se interessam por ela e nem pela religião que ela representa. O mais interessante é ouvir frequentemente esse clamor por parte de anarquistas, ateus, agnósticos, dentre outros. Assim, caminho para o segundo ponto.
Que reforma interessa aos não católicos e não evangélicos? Por trás de toda justificativa, discussão e análise, encontrei apenas um fato: a reforma que tanto desejam diz respeito às doutrinas básicas da religião. No fundo (ou talvez não tão fundo assim), o que importa a tais pessoas é algo mais fundamental que Teologia da Libertação ou os escândalos do Vaticano. O que lhes importa é tocar o cerne, o fundamento da religião. O que lhes interessa não é reformar, mas demolir. A reforma que convém aos crédulos não é a mesma que convém aos incrédulos. Toda a pauta apresentada por esses últimos é, na verdade, uma maneira de expor a falibilidade da instituição, a fim de atingir a religião. Pois o que convém aos crédulos é aperfeiçoar a Igreja de acordo com o modelo de Jesus Cristo. Mas aos incrédulos convém desconstrui-la de acordo com seus próprios padrões de vida. Há, no entanto, uma diferença que parece simples para mim, talvez não tão clara para os anarquistas do meu país: instituição não é o mesmo que religião. Na medida em que uma Igreja é uma instituição, ela pode e deve ser transformada, repensada, reformada. Mas na medida em que ela representa uma religião, essa mudança é limitada. Principalmente no que diz respeito à doutrina básica, que, no caso do catolicismo e do protestantismo, é a Bíblia; e doutrinas costumam ser inegociáveis. Podem até mudar o modo como a instituição se relaciona com o mundo e com o diverso, mas mudar a religião não existe. Mudar a religião é criar outra religião. Mudar religião não é reforma, mas demolição. Reforma é papel para gente de dentro, com fé, fundamento, amor e fidelidade suficientes para não demolir.
Enfim, meus colegas mestres e doutores em História do Cristianismo teriam inúmeros e profundos pontos a destacar sobre a reforma da Igreja. Mas esses inúmeros e profundos pontos não se relacionam com o único e profundo ponto que interessa ao grupo anárquico: a demolição do Cristianismo.
Perdoem-me pelo jeito simplista de ver e expor o tema.
Em Cristo,
Eliúde Damásio
O assunto é mais complexo e longo do que se poderia expor em uma postagem. Mas nesse emaranhado de dossiês sobre a igreja (não desconsidero a História), o que sempre me chama a atenção quando se fala em reforma é o eco que fica ao final de cada fala sobre o tema. Em meio a reportagens simpáticas, protestos anárquicos ou análises respeitáveis, o que ressoa em minha mente são sempre dois pontos principais.
Primeiro: os que mais exigem uma reforma na Igreja são os que não estão na Igreja, ou seja, os não adeptos das vertentes católica e evangélica do Cristianismo. Entendo que erros foram cometidos pela Igreja ao longo da História e precisam ser corrigidos, e que parte desse clamor por mudança vem de dentro da própria instituição. Mas percebo que os mais ferrenhos na defesa de uma profunda transformação na Igreja são os que não se interessam por ela e nem pela religião que ela representa. O mais interessante é ouvir frequentemente esse clamor por parte de anarquistas, ateus, agnósticos, dentre outros. Assim, caminho para o segundo ponto.
Que reforma interessa aos não católicos e não evangélicos? Por trás de toda justificativa, discussão e análise, encontrei apenas um fato: a reforma que tanto desejam diz respeito às doutrinas básicas da religião. No fundo (ou talvez não tão fundo assim), o que importa a tais pessoas é algo mais fundamental que Teologia da Libertação ou os escândalos do Vaticano. O que lhes importa é tocar o cerne, o fundamento da religião. O que lhes interessa não é reformar, mas demolir. A reforma que convém aos crédulos não é a mesma que convém aos incrédulos. Toda a pauta apresentada por esses últimos é, na verdade, uma maneira de expor a falibilidade da instituição, a fim de atingir a religião. Pois o que convém aos crédulos é aperfeiçoar a Igreja de acordo com o modelo de Jesus Cristo. Mas aos incrédulos convém desconstrui-la de acordo com seus próprios padrões de vida. Há, no entanto, uma diferença que parece simples para mim, talvez não tão clara para os anarquistas do meu país: instituição não é o mesmo que religião. Na medida em que uma Igreja é uma instituição, ela pode e deve ser transformada, repensada, reformada. Mas na medida em que ela representa uma religião, essa mudança é limitada. Principalmente no que diz respeito à doutrina básica, que, no caso do catolicismo e do protestantismo, é a Bíblia; e doutrinas costumam ser inegociáveis. Podem até mudar o modo como a instituição se relaciona com o mundo e com o diverso, mas mudar a religião não existe. Mudar a religião é criar outra religião. Mudar religião não é reforma, mas demolição. Reforma é papel para gente de dentro, com fé, fundamento, amor e fidelidade suficientes para não demolir.
Enfim, meus colegas mestres e doutores em História do Cristianismo teriam inúmeros e profundos pontos a destacar sobre a reforma da Igreja. Mas esses inúmeros e profundos pontos não se relacionam com o único e profundo ponto que interessa ao grupo anárquico: a demolição do Cristianismo.
Perdoem-me pelo jeito simplista de ver e expor o tema.
Em Cristo,
Eliúde Damásio
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