Teimosia, segundo o dicionário da língua portuguesa, é o apego obstinado às próprias ideias; caracterizada quando uma pessoa não cede à opiniões de terceiros, por exemplo, mantendo-se firmes em suas premissas sem mostrarem sinais de dúvida. Trata-se de uma palavra que, em muitas situações, apresenta conotação negativa. Quando falamos em teimosia, logo pensamos na correção dos pais aos filhos em resposta a um ato de desobediência. Entretanto, nem toda teimosia é maléfica, incorreta, indesejável e desagradável. Ao contrário, existe uma teimosia que pode ser classificada como “santa”. Ela faz insistirmos em acreditar em Deus mesmo que tudo pareça conspirar contra, nos levando a perseverar mesmo quando tudo parece caminhar de mal a pior.
Nesse sentido, a teimosia é uma qualidade raríssima, encontrada em pessoas que estão dispostas a depender de Deus em todas as situações. Achada em pessoas que entendem verdadeiramente o que é um relacionamento profundo com Deus. Essa virtude é característica de pessoas tomadas de um profundo envolvimento com o Espírito Santo, se tornando capazes de adorá-lo, mesmo em momentos humanamente difíceis.
A teimosia "santa" tomou conta da vida de Jó, que não abandonou a fé e a comunhão com Deus, mesmo ao receber uma série de notícias trágicas envolvendo sua família e seus bens. Em meio à dificuldade, ele se levantou, rasgou o seu manto, raspou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; dizendo: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.20, 21). Jó tinha uma certeza arraigada em seu coração que o permitia dizer: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). Semelhantemente, o rei Davi, depois da morte do filho e após jejuar e orar durante seis dias “se levantou da terra, lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do Senhor e adorou” (2 Sm 12.20).
Esses homens demonstraram que nenhuma tragédia pode ser suficiente para perturbar a paz daquele que está firmado no Senhor. O apóstolo Paulo, tomado de sentimento parecido, afirma a certeza plena na fé e na comunhão que tinha: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor!" (Rm 8:38-39). O salmista disse: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Sl 23.4). Os jovens hebreus Hananias, Misael e Azarias, em uma terra distante e com nomes trocados para Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, quando forçados a adorar estátua levantada por Nacubodonosor, rei da Babilônia, não se dobraram e mesmo quando ameaçados pela fornalha do rei, permaneceram fiéis a Deus e contemplaram a presença de um quarto homem na fornalha aquecida sete vezes.
Pessoas como essas escrevem e marcam uma história com Deus, pois Ele não resiste a um coração quebrantado e contrito, tendo sempre prazer naqueles que O obedecem. Deixam ainda um legado para aqueles que hão de vir e transformam a sociedade onde vivem com uma conduta santa, digna, confiante, determinante, que contagiam aqueles que veem na fé o alicerce da vida cristã. Creio que muitos, hoje em dia, ao serem perseguidos lembram-se de homens como esses e outros, aqui não citados, e encontram neles exemplos de perseverança em Deus nos momentos mais difíceis. Se quisermos marcar história e alcançar o coração de Deus, devemos perseguir e deixar-nos consumir por essa teimosia "santa", que nos faz insistir em crer, buscar e relacionar com Deus em toda e qualquer situação. Deixemos nos tomar por esse sentimento!
Em Cristo,
Paulo Sérgio Miguel
Paulo Sérgio Miguel
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